Bom, agora que você sabe o que fomos fazer no Equador, como foi nossa viagem, e um pouco mais desse país maravilhoso, vou falar da nossa experiência no Oriente do Equador, mais precisamente na selva Amazônica, especificamente na tribo Tzapino (se pronuncia "Sapino"), junto com índios da etnia Waorani (ou Hoarani/ Waodani). Se prepara, porque o relato vai ser grande, porque muitas foram as experiências, mesmo resumindo o que dá!

De canoa, com o rio baixo, pode demorar até 16 horas para se chegar na tribo. Apé, eu prefiro nem comentar! Enquanto de avião, em 12 minutos aterrissamos e estamos juntos com nossos queridos irmão Waoranis.
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A experiência de voar foi algo de tirar o fôlego. Ambos, eu e meu marido, tivemos a oportunidade de voar como co-pilotos. E dá mais medo! hehehehe! A sensação é deliciosa, a vista incrível! E não pude deixar de sentir na pele, o que aqueles missionários sentiram, quando sobrevoavam a selva, e quando fizeram o primeiro contato com os índios! Foi algo emocionante, sem palavras para descrever!


Quando pousamos em Tzapino, já haviam queridos irmãos esperando por nós, e o resto da equipe, já que fomos os últimos a voar.
As nossas malas foram de canoa para o acampamento, e logo começou uma longa caminhada de 1:30h em passada rápida, quase correndo, numa trilha que mistura lama, caminho apertado, travessia de pequenos "rios", bichos (e marcas de patas de onça), escorregões, e uma conversa rápida com a primeira índia que tive contato, Guemenca, nora de Mincaye, Foi lá que também aprendi a primeira palavra em Wao tededo - Taro (caminho). E nosso Taro, me lembrou do Taro de Deus, para a salvação: estreito e apertado.
Bom, os Waoranis falam na sua língua nativa, mas os mais novos também falam espanhol (língua que eu domino um pouco, pois fiz algumas aulas e já tive uma experiência de 45 dias na Bolívia). Porém as crianças, graças a Deus, ainda mantém viva a linguagem e quase não falam espanhol! Aprendem apenas na idade escolar, na escola da comunidade, que tem professores Waoranis também!


Quando avistamos o lugar do acampamento, um misto de alívio (estava cansada), alegria e ansiedade, tomou conta de mim! Só teríamos que atravessar o rio de canoa, e estaríamos ali, junto com todos os nossos irmãos, e eu poderia cumprir um dos meus objetivos - entregar a Mincaye uma foto dos meus filhos caracterizados como índios, e os desenhos que eles fizeram para ele! Logo o fiz, assim que nos acomodamos, e foi muito, muito legal! Ele passou o dia com os papeis na mão! E os meninos quando viram as fotos, amaram!!!!
O acampamento
Para nós brasileiros que estamos acostumados com mata, árvores e rios, apesar de lindo e diferente, é muito parecido com muitas de nossas paisagens (rios, cachoeiras, mata e até roça). Mas o rio limpo e corrente é convidativo para tomar aquele banho no calor que estava! A mata ao redor! o cheiro de ar puro!
Logo na frente avistamos as duas grandes ocas! Uma feminina, outra masculina. Nossas coisas foram acomodadas, nossas redes (sim, dormimos em redes) devidamente colocadas, e fomos começar nossos 5 dias, vivendo como eles! Nada de luz elétrica, nada de água encanada! Mas o conforto de viver algo inacreditável, um verdadeiro presente de Deus!

O banheiro, bom, o banheiro não é bem um "banheiro". Mas não me lembro de reclamar nenhum dia. Nem de ter que ir a noite, acompanhada por alguém, nem de ter que olhar tudo antes de "confortavelmente" fazer nossas necessidades, já que as cobras e aranhas costumam esconder ali quando chove; nem de ter que fazer acrobacia para fugir das fileiras de formigas, que sem dó picam os estranhos! Foi uma experiência incrível!
Sobre o banho, como boa brasileira que sou, eu não saia da água! Para mim, o rio frio e confortável era muito mais que uma necessidade de me lavar, era uma diversão, um lazer, relaxamento... mesmo muitas vezes receosa com a possível presença de arraias mortais, jacarés (que dizem que só aparecia a noite) e apesar de nos garantirem que as anacondas não ficavam por perto, sim, elas existem por lá! Um dia, depois de cozinhar e ficar morrendo de calor, uma turma foi se banhar no rio durante a noite! Fiquei triste que não registrei esse momento, mas foi muito legal!
A 'nossa banheira', era também a pia da cozinha! Hehehehe! A louça é lavada na beira do rio, assim como as roupas, tudo na mão. Mas era gostoso, naquele calor, sentar e trabalhar relaxando naquela água!
A cozinha e a comida!
Bom, a gente comeu o que eles comeram, e mais algumas coisas que foram levadas de avião para complementar. A comida na selva é basicamente: Mandioca, banana (principalmente a da terra) e caça e pesca. Isso foi interessante. Apesar de ter arroz, um dia macarrão, ovos e etc, a gente depende da caça e pesca, Sem elas, não tem comida. E nesse universo eu entendi, que quase tudo que se mexe e respira vira comida, e que, diferente da gente, que pode escolher o que, e quando comer, lá não existe essa de "estou com fome, vou comer algo". Você tem que ir em busca de alimentos, e isso pode demorar horas!
A casa de comida, se consiste em um fogo no chão. Panelas e outros utensílios são coisas da nova realidade deles. A arara está sempre ali, perto do fogo. Os cachorros e outros bichos de estimação também! No fogo, sempre aceso, você encontra macacos, porcos do mato, jacarés, anta, tucano, perdiz, aves em geral, peixes, moluscos, etc. Experimentamos coisas que nunca pensei que iria comer, e sim, estava tudo gostoso!
Eu tive a oportunidade de cozinhar um dia com as índias! Fiz a nossa receita tradicional de bolinho de mandioca frita (que eles não conheciam) e panquecas com doce de banana. Os índios e eu gostamos muito dessa parte, de poder ser e viver como eles! Foi uma experiência incrível!
Vivemos como eles! Dormimos em redes (e foi bem tranquilo para mim. Eu apagava e só acordava no outro dia de manhã). Caçamos (horas de caminhadas! é algo difícil - eu não fiz, so meu marido). Pescamos (em canoas, com anzol ou com lança, com veneno ou não). Plantamos uma "horta" (coloquei entre aspas, porque o plantar uma horta deles, é escolher um local no meio da mata, limpar, derrubar a machadadas árvores enormes - antes que você fale algo, tudo é feito para subsistência, eles defendem a mata muito mais do que os ativistas mais sérios do meio-ambiente; eles dependem dela para viver, e sabem disso! - e plantar com pedaço de paus e facões, mandioca, banana e etc. Também limpamos com facão, os matos da horta já crescida). Vivemos como eles (e me impressionei com a inteligencia e conhecimento dos índios da mata, e sobre a utilidade e função de tudo!). Sentimos como eles. Navegamos de canoa (delícia!) como eles!



Quando chegou o fim de nossa experiência, no quinto dia, na volta para Tzapino de canoa, chovendo, eu ia sentindo o misto de tristeza por ter que deixar aquele lugar, alívio por voltar a ter algum conforto (luz, água, cama confortável são um conforto tão básico que só notamos quando ficamos sem!) e agradecimento por cada momento vivido ali! Um amor maior ainda por aquele povo, por aquele país. Fiz uma oração, "Senhor, que o Senhor nos permita voltar aqui novamente, para um período maior, e com nossos filhos!" Deixamos certos de que não sabíamos quando, mas se o Senhor provesse, voltaríamos para rever nossos queridos irmãos, e para que João, Davi e José possam abraçar aqueles por quem eles amam e oram.

E termino emocionada, com saudades de tudo que descrevi, esperando o tempo que o Senhor possa nos proporcionar a voltar e cumprir nossa promessa!
Créditos das fotos: Como estavam misturadas em meu computador, não vou poder dar os devidos créditos para cada. Mas tem fotos minhas, e de amigos que foram com a gente, como Paul Amstuz, Jeniffer Garrett, Addy e Christine Nguyen.
Equador - Parte 1
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